Maldito progresso, que vai destruindo tudo de verde, respirável, potável, cheiroso e etc...
Não vou me alongar muito aqui.
Já falei sobre o assunto ambiental e não quero ser repetitivo.
Só quis postar essa poesia mesmo.
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A MORTE DO MONTE
1
Era um velho monte
Encoberto pela mata
Com riacho e uma cascata
Pra pescar e refrescar
No topo um lindo horizonte
Longe da cidade grande
Lá não há um ser que mande
Ninguém para o explorar
E o que é mais importante
É que lá tem-se liberdade
Não há cercas nem há grades
Só os bichos pra brincar
2
Um dia um rapaz cansado
Avistou um monte ao longe
Quis brincar de ser um monge
E embrenhou-se na floresta
Já que era castigado
Pelos males da cidade
Pelo mundo de maldade
Por moças frias em festas
O emprego foi largado
As pessoas não importam
Pois são essas que o sufocam
Foi viver o que lhe resta
3
Como é escura a noite!
Só alumiam os vagalumes
Mas o olho que acostume
Que aí vem a madrugada
Como é belo o sol nascente!
E o desabrochar das flores
Todo esse mundo de cores
E o falar da bicharada
Como é fresca a água corrente!
E doce o sabor dos frutos
Um prazer absoluto
De ter tudo e não ter nada
4
Ontem sonhei com Maria
A mesma que uma vez disse
Que enquanto eu existisse
Teria amor por mim
Como eu tinha alegria!
Sempre quando acordava
A beijava e abraçava
Sempre despertava assim
Mas um dia ela bem fria
Me tirou do paraíso
E perdi o meu juízo
Quando soube que era o fim
5
Tenho uma amiga arara
Que alimentei um dia
Como eu fiz com Maria
Mas arara ainda me ama
Conversamos cara a cara
Ela ouve, eu que falo
Quando às vezes eu me calo
Ela entende o meu drama
Ela tem uma certa tara
De voar com suas amigas
Brincam e travam suas brigas
Com bicos cheios de lama
6
Certa vez pulei no rio
O calor me fez pular
Como o rio também é lar
Fiquei nele algumas horas
Saí morrendo de frio
Pois a noite já caía
A água estava já fria
Vi que tinha que ir embora
Acordei com calafrio
No corpo o gelo e o suor
Eu só fui ficar melhor
Quando fiz chá de amora
7
A mata que mata a fome
Também cura enfermidades
Drogaria é falsidade
Natureza é o remédio
Quando a doença consome
Tem folhas, sementes e frutos
O pajé que era astuto
Tinha a oca como prédio
Hoje tudo tem um nome
Pra iludir o cidadão
E pra ganharmos o pão
Temos que viver no tédio
8
O homem não quer só pão
Também quer ter alegria
Mas a vida anda tão fria
Que esquecemos de viver
É fumaça de carvão
É fumaça de motor
É veloz e é torpor
É o ter e não o ser
O cimento virou chão
O cinza tomou o verde
Nos sufocam nessa rede
Pro próprio luxo manter
9
Vivo num monte vivo
Respirando o ar puro
Deus me livre esconjuro
Voltar pro meio das pedras
Aqui me sinto ativo
Todo dia me divirto
Posso andar nu e dar grito
Aqui não existe regras
Amizades que cultivo
Sempre são as mais bonitas
Eu sei que não acreditas
Pois a sua alma é negra
10
Certo dia vi ao fundo
Que o horizonte mudou
Aquela imagem me magoou
Vi no fim uma estrada
Então respirei profundo
Rezei para irem embora
Não quero gente de fora
Acabar com a bicharada
Invadiram o meu mundo
Secaram o rio e a cachoeira
Mataram fauna e flora inteira
E também minha amiga arara
11
Hoje de volta em apuros
Mendigando um copo d’água
Sempre vive em mim a mágoa
De não ter com quem falar
Durmo apoiado no muro
Fedendo a poluição
Tiraram tudo de minhas mãos
Não tenho o que conversar
Dou apenas uns sussurros
Pra algum cachorro de rua
Vejo uma fosca lua
Não existe mais luar
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
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Ficou muito boa!!!
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