sexta-feira, 20 de novembro de 2009

MAIS UM CIGARRO - (Por :Kelton)

Primeiro assobiou o vento-sul, depois vi que o vento trazia consigo a gigantesca nuvem preta, não cinza, preta, no mínimo grafite. Peguei o meu cigarro (único cigarro), e, fui fechar as janelas, mas, como nunca tinha visto uma nuvem tão escura, me aguçou a curiosidade e fiquei contemplando aquele fenômeno por alguns instantes. Fui fechar a janela de outro cômodo e aproveitei pra ver o céu do outro lado, e, do outro lado se aproximavam nuvens cinzas trazendo a chuva costumeira de fim de tardes quentes. Sentei-me em frente ao computador, fiquei conversando via internet e fiquei esperando a nuvem assustadoramente preta passar. Quando enfim chegou a tal nuvem o vento-sul se enraiveceu, e, um raio atingiu o prédio onde moro (ou os arredores dele), clareando a rua alguns segundos, e, também fez cair a energia elétrica. Nesses poucos segundos o que se via na rua era uma cortina espessa de poeira (outro fenômeno que nunca tinha visto).
Numa mistura de excitação, medo e adrenalina, fui à janela ver o céu e a rua. Depois de constatar que tudo voltara ao normal, resolvi fumar o cigarro, fui ao local onde havia o deixado, e, nada, procurei em cima da mesa, e, nada, assim foi com o quarto, perto da janela, na mesa do computador, na cozinha, e, até em locais improváveis como dentro da geladeira, pensei “essa nuvem “ixtepôra” veio levar o meu cigarro (meu último cigarro)”. Enfim achei o cigarro, cheguei a pensar se foi a nuvem que me devolveu ou eu simplesmente havia o deixado cair no chão, acendi o cigarro, senti a fumaça poluir a minha boca e intoxicar todo o meu sistema respiratório e no fim dele pensei, “lá se foi o meu último cigarro”
-------------------------------------------------------------------------------------

MAIS UM CIGARRO

Temo a luz que surge da montanha
E cospe o fogo que derrama em minha alma
Com muita calma deixo tudo para trás
O meu desejo muitas vezes satisfaz
Mas esse fogo vem queimando minhas entranhas

Quem sabe fosse o abrigo de um covarde
Que o diabo com seu garfo espetou
O que deixou foi o seu rastro de fumaça
Matou a sede com um copo de cachaça
Na esperança de encontrar a liberdade

Veio com o vento o sorriso da menina
E balançou tudo que achava que sabia
Velha mania de querer saber de tudo
É de mistério que é feito o nosso mundo
Não saber nada sempre foi a nossa sina

Então revoltas contra forças do destino
É sempre um laço que teremos com a mente
Pois simplesmente tudo escapa de minhas mãos
Trago a fumaça que entope o coração
E perco o fôlego do meu tempo de menino

Nenhum comentário:

Postar um comentário